“O tema é de tão grande complexidade que os internos de MI tendem a interessar-se mais por outras áreas, como a cardiovascular ou a metabólica”, afirma Carla Noronha, justificando assim a realização de mais uma edição da Escola.

É já entre os dias 7 e 10 de setembro que se realiza a Summer Autoimmunity School – SAIS 9th edition, um projeto formativo que teve início no final do verão de 2015 e que nunca foi interrompido, nem mesmo durante a pandemia, mantendo sempre uma das suas características principais, a de ser uma formação presencial.

No entanto, como esclarece Carla Noronha, 52 anos, especialista de Medicina Interna do Hospital Beatriz Ângelo e coordenadora da Escola, “usamos um método de ensino misto, em que todas as aulas são presenciais, mas em que os conteúdos dados estão disponíveis online”.

Este conceito foi inicialmente explorado pela médica em 2007, quando organizou um workshop interativo em doenças autoimunes, o seu projeto de mestrado, aliando a metodologia de casos-problema à disponibilização dos conteúdos e avaliação online, com emissão de certificado imediato.

“A plataforma informática que na altura foi criada tem sido constantemente melhorada ao longo do tempo, quer ao nível do acesso, como do aspeto gráfico e conteúdos. Está lá tudo, quer a avaliação antes, durante e após o curso, como a bibliografia, por exemplo. E também é em https://www.pulp.academy/ que os interessados se podem inscrever”, refere Carla Noronha, que há 25 anos se dedica, de uma forma especial, às doenças autoimunes, com formação feita no Hospital de Curry Cabral.

“Doenças autoimunes exigem um conhecimento muito abrangente”

É também essa experiência de tantos anos a lidar com este tipo de doenças que permite à coordenadora da Summer Autoimmunity School garantir a “muita complexidade” das mesmas, acrescentando: “Talvez seja das áreas mais complexas dentro da Medicina Interna, com doenças que atingem praticamente todos os órgãos e com doentes muito jovens e, por vezes, em situação bastante grave, necessitando de cuidados intensivos.”

“Os próprios fármacos que se utilizam para tratar estas patologias não são de fácil manipulação e, portanto, estes cursos são necessários, desde logo, para que os internos não se sintam tentados a colocá-las em segundo plano. Quando, no meu entender, o internista até é o médico mais indicado para gerir toda esta complexidade!”, afirma Carla Noronha, adiantando:

“É preciso ter um conhecimento bastante abrangente para poder abordar as doenças autoimunes mas temos igualmente que desenvolver uma ligação forte a outras especialidades médicas, também para nos ajudarem, porque muitas vezes os doentes entram pela Dermatologia, pela Nefrologia, pela Hematologia…”

Quatro dias de Escola e sempre no mesmo local

A 9.ª Summer Autoimmunity School, que tem uma duração de 4 dias, vai decorrer no mesmo local de sempre, Quiaios, perto da Figueira da Foz. Acolhe internos de formação específica dos vários anos e, embora a Medicina Interna esteja representada em maior número, é aberta a todas as especialidades médicas, como a Gastrenterologia, a Pneumologia ou a Reumatologia. Esta edição regista, aliás, a estreia da Patologia Clínica.

Desenhada para ter no máximo 40 participantes — número que foi reduzido durante a pandemia — na Escola deste ano abordar-se-á, por exemplo, a artrite reumatoide, o lúpus, as espondilartropatias seronegativas ou a esclerose sistémica progressiva. Será dado igualmente realce à inflamação ocular, com a presença da Reumatologia catalã e da Oftalmologia do H. Beatriz Ângelo.

Haverá também alguma animação, nomeadamente, com a realização de um jogo interativo realçando a importância da Medicina Física e de Reabilitação (já habitual), com a presença de duas terapeutas ocupacionais do Hospital de Curry Cabral e Hospital de São José.

Carla Noronha destaca que, ao longo destes 9 anos que a Escola já leva de existência, “têm sido promovidas cada vez mais discussões interdisciplinares com a Nefrologia, a Pneumologia, a Reumatologia… e este ano vamos acrescentar um novo tema, o dos exames complementares de diagnóstico”

Quanto ao programa diário do curso, mantêm-se as tardes livres – com o retomar das aulas a acontecer após as 18 horas –, “exatamente para que os alunos possam usufruir de uma das componentes da Escola, que é o verão!”

Para além de Carla Noronha, a Comissão Organizadora integra outros cinco especialistas de Medicina Interna do Hospital Beatriz Ângelo: Ana Grilo, João Espírito Santo, Ana Isabel Reis, Joana Marques e Isabel Araújo.

A Summer Autoimmunity School tem o patrocínio científico do Núcleo de Estudos de Doenças Autoimunes da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (NEDAI-SPMI).

Artigo publicado em Just News